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4 de set. de 2015

Sobre crianças negras, pobres, brasileiras, que não morrem na beira do mar

Havendo em nós o mínimo de humanidade é impossível não ficar sensível com a fotografia da criança morta na beira de uma praia turca, contudo, situações como essa evidenciam a natureza contraditória do brasileiro, se os americanos, os ingleses, os franceses são, não sei, falo da realidade que me cerca, Brasil.

Comentei recentemente na aula de Introdução a Comunicação acerca do antagonismo que protagonizamos graças as Redes Sociais, estamos ficando próximos do distante e nos distanciando da esquina ao lado, do quarteirão, da nossa cidade... Comovemo-nos com a cena do garoto branco morto na praia sendo que não tão distante aplaudimos os que amarraram o assaltante negro em um poste no Maranhão e ao mesmo tempo defendemos a redução da maioridade penal. 

Não estamos isolados no mundo, é fato, tudo aqui nos interessa, mas todo esse papelão é tão arrogante e patético e pensar que diariamente crianças morrem ao lado da nossa Timeline. Mas não culpo as Redes, muito pelo contrário, poderíamos aproveitar o momento para também evidenciar, fotografar, conversar com as crianças que estão morrendo lentamente, seja pela falta de educação, de rumo, de cultura, comida e amor. 

Nem a morte é justa, as nossas crianças não morrem na beira da praia, morrem nos morros, nas vielas sem estrutura e sem a presença da política em sua plenitude, nos fundos dos hospitais, já tendo sofrido a pior das mortes, a provocada pelo preconceito e pelo ignorar dos que fazem campanha na internet. É como doar ao “Criança Esperança” quando há ao lado um pentelho com a mão estendida.

Quim Buckland
Estudante de Jornalismo- UESPI

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